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Encontro do ABEPSS AO VIVO discute a questão ambiental e a exploração capitalista da terra

31/08/2020

A Cacique Geral do povo Omagua-kambeba do Alto Rio Solimões, Eronilde Fermin Omagua, não participou do encontro, mas enviou um vídeo à ABEPSS relatando a situação dos povos indígenas 


Na terça-feira, 18 de agosto, completando a sétima live do ABEPSS AO VIVO, a associação discutiu a questão ambiental e indígena em tempos de pandemia. O expositor e a expositora discutiram a questão ambiental, a exploração capitalista da terra, a exploração do trabalho e as medidas do governo Bolsonaro diante do meio ambiente. 

Para o encontro, coordenado pelo Grupo Temático de Pesquisa “Questões Agrária, Rural, Urbana e Serviço Social” na mediação do prof. Matheus Thomaz da Silva, foram convidados a assistente social e professora da UFPE Maria das Graças e Silva, o economista Gilberto de Souza Marques, professor da UFPA e a Cacique Geral do povo Omágua-kambeba do Alto Rio Solimões, Eronilde Fermin Omágua. Por problemas técnicos, infelizmente a cacique não conseguiu participar da transmissão pois o sinal de internet da indígena caiu logo no início do encontro. 

Em compensação, Eronilde Fermin Omágua gravou um vídeo enviado à ABEPSS que está disponível  no canal do YouTube e nas redes sociais da associação: Instagram, Facebook e YouTube. 

No vídeo,  a líder indígena ressalta que os povos indígenas vêm sendo atacados no contexto da pandemia. “As pessoas estão aproveitando a quarentena, o distanciamento social para atacar as terras. Eu falo nesse contexto do povo Omágua-kambeba, no Alto Rio Solimões, que nós sofremos muito, estamos sofrendo muito nesse período com a invasão das terras, nas nossas comunidades, na invasão dos nossos direitos”, relata. 

Omágua destaca ainda que os povos indígenas vêm sendo privados de direitos, como à saúde, educação e às terras, e que quando as lideranças saem à luta por esses direitos básicos, são ameaçadas e muitas vezes assassinadas. “Nossa população vem sofrendo, o descaso é muito grande. Não temos mais a quem pedir socorro, a quem pedir ajuda”, desabafa. Confira mais sobre o território do povo Omágua-kambeba e suas lutas!

Durante a live, a ABEPSS fez uma homenagem ao cacique Aritana Yawalapiti, 71, uma das maiores lideranças indígenas da região do Alto Xingu, morto no dia 5 de agosto por complicações decorrentes da Covid-19. 

Ainda foi feita uma homenagem a Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT) que morreu no dia 8 de agosto, vítima de uma embolia pulmonar, conforme noticiou o jornal Brasil de Fato. O bispo teve a sua trajetória marcada pela defesa dos direitos dos povos indígenas e o combate à violência dos conflitos agrários. 

Exposição

Em sua fala, a assistente social e professora Maria das Graças, destacou que a atual conjunta, sob o governo Bolsonaro, é “cruel”, e “dramática”, na qual o governo responde à necessidade do capital de explorar os recursos naturais e o trabalho. 

Maria das Graças também observou a fala do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na fatídica reunião de 22 de abril, quando o ministro disse que era o momento de “passar a boiada”, já que a imprensa, no contexto da pandemia, não estava cobrindo a questão ambiental. O “passar a boiada” seria uma forma de “desregular” as medidas de proteção ambiental. 

“Quando o Salles fala em ‘passar a boiada’, o que eles estavam fazendo é destruir todas as cercas. Isso significa produzir aberrações, como por exemplo retirar do Ibama a fiscalização do desmatamento e as queimadas, na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, e colocar sobre o mando do vice-presidente da República (Hamilton Mourão)”, analisa Maria das Graças. 

O economista Gilberto de Souza Marques também ressaltou aspectos do início da administração Bolsonaro, quando ele excluiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário e transformou em uma secretaria no Ministério da Agricultura, e à frente da secretaria empossou Luiz Antonio Nabhan Garcia, um ruralista.

A interação entre os participantes da live representando grupos de pesquisa e universidades de todas as regiões do Brasil, evidenciou o quanto a questão ambiental e indígena, para além da defesa do patrimônio brasileiro, carece de estudos e pesquisas, bem como investimento na formação profissional em Serviço Social. Para contribuição ao debate, confira aqui a produção do professor Matheus Thomaz de Silva publicada, entre outros artigos, em Temas NUPEM (2020).

 

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