Notícias

O papel do Serviço Social na retomada das políticas públicas direcionadas a aposentadas/os no Brasil

24/01/2023

É preciso compreender que são as/os aposentadas/os do Brasil para as políticas públicas sejam efetivas no atendimento a essa população

Não é possível tratar das demandas das/os aposentadas e aposentados desconsiderando atravessamentos múltiplos, que perpassam o grupo, relacionados a questões de classe, gênero, raça, território, entre muitas outras. Tratar esse segmento da população de maneira genérica seria um equívoco porque é necessário obter subsídios para a implementação das políticas públicas necessárias para um grupo que é diverso e heterogêneo.

É o que defende a assistente social e professora titular aposentada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Elizabete Fiuza Simões da Mota. “Eu, por exemplo, sou mulher branca de classe média que começou a trabalhar muito cedo. Passei por diversas experiências. Eu sou aposentada e servidora com renda que pode suprir as minhas necessidades. Meu trabalho é intelectual. A maioria das mulheres que é chefe de família fica na precariedade, com salários baixos, e se aposentam por idade. Isso quando conseguem se aposentar”.

A situação de pessoas aposentadas que estão na precariedade se agravou nos últimos anos e a as necessidades que enfrentam são coletivas. Há problemas no acesso a transporte, esgoto, saúde, e até mesmo medicamentos, com o desmonte da Farmácia Popular promovido pelo Governo Bolsonaro. Por isso o atendimento precisa ser integral, articulando todas as políticas que estão voltadas para todos os segmentos.

 “A política do idoso tem particularidades, mas a atenção ao idoso depende de uma política mais universal para toda a população. Temos um período muito curto do novo governo, embora tenha dito e afirmado o interesse em recompor e atender as necessidades da população. Ainda não tivemos acesso ao último senso. Os números serão muito importantes porque em momentos de crise, como a que enfrentamos nos últimos anos, os idosos passam a acolher filhas/os e netas/os e suprir as necessidades de todas/os. E com isso há um alto índice de endividamento por meio de empréstimos consignados”, explicou a professora Ana Elizabete.

Serviço Social

A assistente social defende a importância de que haja recomposição das políticas sociais integrais que subsidiem auxílios e benefícios necessários, assistenciais e previdenciários, para o atendimento a essa população. “Precisamos de proteção, segurança, saúde, alimentação, moradia e que os mais jovens não dependam das parcas aposentadorias de seus pais e avós. Tenho esperança de que vamos avançar, mas precisamos ver medidas concretas e objetivas”.

Ana Elizabete Fiuza Simões da Mota lembra que assistentes sociais têm lugar muito importante na implementação das políticas públicas necessárias para as/os aposentadas/os. “Há uma mudança na expectativa de vida, mas é preciso compreender que existe uma profunda desigualdade atravessada por questão de classe, raça, território, gênero, entre outros.  Seja através dos benefícios previdenciários, assistenciais, ou da proteção generalizada do idoso, a/o assistente social trabalha com essas políticas: assistência, previdência, saúde, acompanhamento, exercício dos direitos”.

Formação

A professora lembra que “passamos por uma conjuntura de desproteção social no Brasil nos últimos anos. Na medida em que haja recomposição do financiamento da rede e dos diversos mecanismos que são implementados no sentido de uma qualidade de vida para o idoso, será cada vez mais importante que o tema seja tratado na formação em Serviço Social, seja com disciplinas eletivas ou estágios. A profissão já tem um bom volume de sistematização de experiência, serviços, e práticas já realizadas com essa população”, frisou.

Dentro do Serviço Social, as/os profissionais também são atingidas/os pelo desmonte da seguridade social no Brasil. Para muitas/os assistentes sociais a renda cai de maneira acentuada após a aposentadoria. E em muitos casos não há como manter as mesmas condições de vida anterior.

Voltar